sexta-feira, 14 de maio de 2010

O poder oracular do cervídeo associado ao culto da terra e da água

Teófilo Braga, no seu livro O Povo Portuguez nos seus Costumes, Crenças e Tradições, vol II, de 1885, refere que Justino falla do culto das montanhas entre os Gallaicos.

Por sua vez, Dalila Pereira da Costa afirma, no seu livro As Margens Sacralisadas do Douro Através de Vários Cultos, que o poder da água é um poder específico e muito remoto da Galécia. E o poder da água é um poder oracular, que caracteriza o povo desta Galécia, tão singularmente que foi testemunhado e elogiado pelos escritores clássicos.

Ainda segundo esta autora, na poesia galaico-portuguesa, a advinhação é uma vocação exercida também através das águas, ou por um certo animal do monte, o cervo.

Para Dalila Pereira da Costa, estes dotes tão longamente conhecidos, poderão já se ter iniciado no Paleolítico superior nas margens do Côa. Pois serão os cervídeos os que surgem como os animais mais numerosos nas gravuras da fase inicial desse período, o Magdalense. Indicará este facto já a prática oracular através deles? (...) Cervos, serão depois, milénios passados, na Idade Média, ainda usados pelas fermosas; água e cervos sempre juntos nessa ciência testemunhada nas Cantigas de Amigo.

Segundo o trovador Pero Meogo, a fonte que detinha dotes oraculares, era la fonte os cervos van beber.

Tardei, mia madre, na fria fontana
Cervos do monte volviam a água

...

Que o fosse eu ver
a la fonte os cervos van beber

Sem comentários:

Enviar um comentário