segunda-feira, 19 de julho de 2010

Culto à Lua

"Estrabão (58 a.C - 25 d.C) falando dos galaicos diz: «Não têm imagens [de culto] e têm certa divindade inominata [latim, «sem nome»] à qual, em noites de lua-cheia, as famílias prestam culto dançando até ao amanhecer diante das portas das suas casas».
(...)
A divindade a que não davam nome (inominata) era a própria Lua.
O rito descrito por Estrabão ainda existia na Galiza, perto da fronteira com Trás-os-Montes, no princípio do século XX, constatado por um etnólogo galego: «Existe entre os aldeões um curiosíssimo costume cuja origem tenho por muito antiga. Tanto no Inverno como no Verão, mas principalmente durante a primeira das duas estações, nas noites de lua clara e especialmente nas de lua cheia, os homens e as mulheres da aldeia saem das casas para a rua a desfrutar a claridade do astro da noite. As famílias reagrupam-se, fazem festa em honra da Lua, em que homens e mulheres cantam e dançam ao som do pandeiro e das castanholas. Os cantares dirigem-se à Lua, misturando neles queixas de amor. O baile é à maneira da terra. Os cantares acabam com arrulhos dos rapazes que gritam gu-gu-gu-gu olhando para a Lua, quando a canção e o baile acabam. A festa dura até que chegue a luz do dia». [Tenorio, Nicolas, La Aldea Galega (Viana Del Bolo), Santiago, Ediciones Xerais da Galícia, 1982, p.142)] O autor não dá indícios de conhecer aquela passagem de Estrabão que se enquadra bem na região onde encontrou o costume."

Espírito Santo, Moisés, Cinco Mil Anos de Cultura a Oeste, Lisboa, Assírio & Alvim, 2004, p. 190, 191

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